Existem maneiras de se afirmar como homem, impor respeito e não trombar com a misoginia? Por que reagimos com agressividade quando somos confrontados?

Este é o tema deste artigo.

O Caso do Calvo do Campari

Bombou na internet nas últimas semanas o caso que ficou conhecido como do "Calvo do Campari". Para quem está por fora do assunto, o coach de masculinidade Thiago Schutz fez uma participação num podcast e, num determinado momento, falando sobre uma situação onde estivesse tomando um copo de Campari e, sendo abordado por uma mulher e esta oferecendo a ele um copo de cerveja, este se recusaria a aceitá-lo.

No vídeo, Thiago explica conceitos que no MM (download aqui) é conhecido como "Laços".

A atriz e humorista Livia La Gatto pegou um corte desse trecho do podcast e fez um react debochando desse episódio.

Thiago ofendeu-se e reagiu de forma desproporcional, fazendo ameaças em conversas privadas com a atriz e também através de ligações telefônicas, onde ficou famosa a frase de intimidação "é processo ou bala".

O caso viralizou e Lívia denunciou-o à polícia, conseguiu medida protetiva, onde Thiago deveria manter uma distância mínima dela, e foi aberto um inquérito para investigar o caso.

Após investigações, a polícia confirmou que ameaças foram feitas de fato, o inquérito foi encerrado e os pareceres da polícia foram enviados ao Ministério Público que fez a denúncia à Justiça, onde o processo correrá em segredo.

Bom, este foi um resumo do caso que, acredito, a maioria já está a par. Vamos às considerações.

Quem É O Que Fazem Thiago Schutz e Lívia La Gatto?

Segundo a Wikipedia, "Thiago da Cruz Schoba, mais conhecido pelo pseudônimo Thiago Schutz ou apelido Calvo do Campari, é um coach, influenciador digital, podcaster, ator, empresário e escritor brasileiro. Tornou-se conhecido pela página Manual Red Pill, onde apresenta conselhos a seus seguidores sobre relacionamentos e masculinidade."

Thiago tem participação ativa como convidado em vários canais de podcast e faz um trabalho importante no auxílio ao público masculino em questões sobre relacionamentos, masculinidade e sedução.

Livia La Gatto é uma atriz, humorista e roteirista. Não achei verbete sobre ela no Wikipedia e não conheço o seu trabalho, talvez por ele se dar nas redes sociais e eu não as frequento.

Tivesse o coach ficado quieto e não reagido ao react de Lívia e a vida seguiria adiante normalmente, mas Thiago mordeu a isca e engoliu a chumbada, como vimos, e deu no que deu. Aprenda como evitar isso lendo este outro artigo.

E como não morder a isca então?

Não-Reação

Se você leu outros artigos deste blog, aprendeu com Nessahan Alita que um dos 10 erros que os homens mais insistem em cometer é o de dar uma de macho alfa.

Aprendeu também que mulheres fazem Shit Tests que, inclusive, era o que o Thiago estava explicando no vídeo que viralizou após o react de Lívia.

Também leu que jamais deve usar de violência física ou verbal, mas deve sempre deixar muito claro os limites que você aceita ou não no relacionamento, e isso não tem nada a ver com subjugação da mulher.

Aliás, vamos tratar um pouco sobre isso.

Masculinidade e Respeito Às Mulheres

A masculinidade é um conceito complexo que evoluiu ao longo dos tempos e se desenvolveu de maneiras diferentes em diferentes culturas.

Muitas vezes, a masculinidade tem sido associada à força, coragem e poder, enquanto a feminilidade tem sido associada a traços como gentileza, empatia e fragilidade.

Embora essas definições sejam frequentemente estereotipadas e simplistas, elas ainda influenciam muitas pessoas em todo o mundo.

A afirmação saudável da masculinidade envolve a aceitação de todas as partes de si mesmo, incluindo vulnerabilidades, emoções e características consideradas "femininas".

Isso significa que os homens devem se sentir à vontade para demonstrar emoções e empatia e se comunicar abertamente sobre seus sentimentos, sem medo de serem considerados fracos ou menos masculinos.

Além disso, a afirmação saudável da masculinidade também envolve o reconhecimento da importância da igualdade de gênero.

Isso significa que os homens devem trabalhar para erradicar o sexismo e a misoginia, seja em suas próprias vidas ou na sociedade em geral.

Eles devem desafiar a violência contra as mulheres e apoiar ativamente as mulheres em suas lutas por igualdade e justiça.

Infelizmente, muitos homens ainda se sentem pressionados a agir de maneira tradicionalmente "masculina", o que pode levar à misoginia e ao sexismo.

Isso inclui comportamentos como a objetificação das mulheres, o controle masculino sobre o corpo feminino e a violência de gênero.

A masculinidade tóxica também pode afetar negativamente a saúde mental dos homens. Isso ocorre porque a pressão para se conformar às normas de gênero pode levar à repressão emocional e à falta de comunicação, o que pode levar à ansiedade, depressão e isolamento social.

Por fim, é importante lembrar que afirmar a masculinidade de maneira saudável e positiva não significa negar a importância das lutas das mulheres.

Os homens podem ser aliados ativos na luta por igualdade de gênero e ainda afirmar sua própria masculinidade de maneira saudável.

Note que este blog não trata sobre ódio às mulheres, mas sim sobre respeito mútuo, e, ainda que falemos sobre devolver as consequências às mulheres que trapaceiam (emocionalmente) nos relacionamentos, sempre deixamos em destaque que nunca devemos usar de violência, seja física, verbal ou emocional.

Em devolver as consequências, entendemos como o rompimento imediato e unilateral do relacionamento pelo homem frente ao desmascaramento de uma trapaça emocional feita pela mulher.

Termine, vire as costas e simplesmente saia. Mais que isso e você vai começar a se complicar.

Isso contando que você seja um homem idôneo e correto, mas, assim como temos mulheres de má índole, também temos em grande número homens que não valem muita coisa.

Masculinidade Tóxica

A masculinidade tóxica é um conceito que se refere a comportamentos e atitudes associados a estereótipos prejudiciais de gênero.

Isso inclui comportamentos agressivos, falta de empatia, objetificação de mulheres, homofobia, entre outros.

A masculinidade tóxica é frequentemente baseada em conceitos ultrapassados e muitas vezes leva à misoginia, que é o ódio, a aversão ou a discriminação contra as mulheres.

A misoginia pode assumir muitas formas, desde piadas ofensivas até violência física. A misoginia pode se manifestar como assédio sexual, violência doméstica, estupro e outras formas de violência de gênero.

Para combater a masculinidade tóxica e a misoginia, é importante desafiar estereótipos de gênero prejudiciais e promover a igualdade de gênero.

Isso significa educar as pessoas sobre a diversidade e as diferenças que existem dentro de cada gênero e encorajar a comunicação aberta e honesta sobre emoções e sentimentos.

Também significa incentivar as pessoas a questionar comportamentos e atitudes que perpetuam a masculinidade tóxica e a misoginia, além de apoiar as vítimas de violência de gênero e trabalhar para prevenir futuras agressões.

Além disso, é importante lembrar que afirmar a masculinidade de maneira saudável e positiva não significa negar a importância das lutas das mulheres.

Os homens podem ser aliados ativos na luta por igualdade de gênero e ainda afirmar sua própria masculinidade de maneira saudável.

Na verdade, a afirmação saudável da masculinidade pode ajudar a criar um ambiente mais igualitário e justo para todas as pessoas, independentemente de seu gênero.

Agressividade e Medo

A agressividade é uma emoção que pode ser expressa de diferentes maneiras. Algumas pessoas podem se tornar agressivas em situações de conflito, enquanto outras podem se tornar agressivas para se defenderem.

Em alguns casos, a agressividade pode ser uma arma de defesa para pessoas que se sentem fracas emocionalmente. Falamos um pouco a respeito neste outro artigo.

Pessoas que se sentem emocionalmente vulneráveis ​​podem se tornar agressivas como uma forma de proteger suas emoções.

Homens podem temer ser magoados, rejeitados ou desafiados em sua masculinidade e, portanto, se tornam agressivos para evitar situações que consideram ameaçadoras.

Eles podem sentir que a agressão é uma maneira de controlar a situação e evitar que suas emoções sejam feridas.

A agressão também pode ser uma forma de mascarar a fraqueza emocional. Pessoas que se sentem inseguras ou com baixa autoestima podem usar a agressão como uma forma de mostrar força e poder.

Eles podem acreditar que a agressão é a única maneira de serem respeitados e temidos pelos outros.

No entanto, a agressão como arma de defesa pode ser prejudicial. Em vez de proteger as emoções, a agressão pode piorar a situação e aumentar o conflito, que foi o que vimos no caso citado neste artigo.

A agressividade pode causar medo e ansiedade nos outros, o que pode levar a uma resposta igualmente agressiva, criando um ciclo de violência.

Além disso, a agressão como arma de defesa pode impedir o crescimento emocional. Ao invés de enfrentar seus medos e inseguranças, as pessoas que se tornam agressivas como uma forma de defesa podem evitar confrontar suas emoções e, assim, permanecer presas em padrões de comportamento destrutivos.

É importante lembrar que a agressividade pode ser controlada e gerenciada. A terapia pode ajudar as pessoas a lidar com suas emoções de forma mais saudável e a aprender habilidades de comunicação eficazes para lidar com situações conflituosas.

Em resumo, a agressividade como arma de defesa é muitas vezes uma resposta a um medo ou insegurança emocional. Embora possa parecer uma forma eficaz de proteger as emoções, a agressividade pode levar a conflitos e impedir o crescimento emocional.

É importante buscar ajuda para aprender habilidades de comunicação saudáveis ​​e lidar com as emoções de forma mais eficaz.

A Explicação de Thiago Schutz

No podcast FeraCast, Thiago explicou o contexto de sua fala sobre estar tomando Campari e a mulher chegar oferecendo cerveja. Ele alega, com outras palavras, que isso pode ser desde um Shit Test como também uma simples questão de não querer misturar bebidas destiladas com fermentadas.

Não vi explicações sobre as ameaças feitas e confirmadas pela polícia, e este é o ponto que pega, mas quanto a isso caberá à Justiça condená-lo ou absolvê-lo conforme o decorrer do processo.

Finalizando

Thiago Schutz, ainda que de forma negativa, ganhou mais projeção pessoal e as pessoas procuraram saber mais a fundo quem ele é e o que faz.

Lívia La Gatto também deve ter arrebanhado mais seguidores com a exposição.

Judicialmente, não sei o que pode dar, mas ainda que perca o processo, parece-me que Thiago pode sair maior do que entrou pela projeção que ganhou, ainda que tenha sido cancelado, mas seu trabalho hoje é mais conhecido do que antes.

À nós, homens "comuns", cabe sempre a discussão e o aprendizado, e acredito que isso, o atrito, ajude a sociedade a tornar-se cada vez mais igualitária através do debate que se abre.

Pessoas trapaceiras e de má índole existem em abundância em ambos os gêneros. Ser homem, mulher ou mesmo homossexual não é o problema em si.

O problema é colocar-se como superior, ameaçar, subjugar ou também debochar do que se considera como inferior.

Pode ter sido a falha de Thiago Schutz, como também pode ter sido a falha de Lívia La Gatto. A diferença é que esta não ameaçou ninguém.